domingo, 11 de novembro de 2012

Tudo é processo...

Então chegamos ao terceiro dia de apresentações.
Nesta jornada onde nem tudo são flores... 

Quando começamos este diário, tínhamos uma idéia na cabeça. "Seremos totalmente honestos". Pois quando as coisas vão muito bem, é muito fácil falar, mas quando são difíceis é preciso aprender com o erro e seguir adiante. Se ontem, conseguimos uma conexão entre nós, parceiros de cena, e o público, a mágica aconteceu e tudo funcionou, hoje, infelizmente, isso não se repetiu.

O local onde nos apresentamos era lindo. O Horto, morro onde está a estátua de Padre Cícero e seu museu. Logo após a nossa apresentação, fomos informados de que haveria uma missa. Isso nos preocupou um pouco, pois sabemos que nossas cenas de Dario Fo, fortemente críticas e com humor irônico, poderiam causar algum desconforto. E realmente, tivemos dificuldades em lidar com a realidade que se apresentava a nossa frente.

Outra dificuldade foi a presença menor de público, pois, estávamos sempre com a "casa cheia" e desta vez, foi um pouco diferente.

Porém, como sempre o teatro nos surpreende, houveram momentos de forte resposta do público, como aquela risada alta de muitas pessoas em uma frase, ou parte de alguma cena, em que na maioria das vezes não temos resposta (mesmo quando a apresentação está acontecendo bem). 

Enfim, foi assim mais um dia. E foi muito bom, pois precisamos sempre compreender que tudo é processo e que tudo é aprendizado. Saímos pensando, revendo e observando nosso obstáculo com maior nitidez para que possamos melhorar nosso trabalho cada vez mais.



Um pouquinho de frustração, porém, não nos impede de abrir-se ao encontro. Um encontro que surgiu da prosa, da escuta, da conversa. 

Após a apresentação fomos convidados para visitar a beata Luíza, a moradora mais antiga de Juazeiro. Dona Luísa é assim chamada devido ao auxílio que sempre prestou aos romeiros e por ser a principal pessoa a acompanhar toda a história do Horto. Ela nos recebeu muitíssimo bem, nos contou histórias, nos encantou com seu sorriso e alegria. Falou dos tempos antigos, de Luiz Gonzaga - "o moreno pra frente" - e de Lampião:

- Ele era cego de um olho.
- Era mesmo - repito.
- Mas soube usar o bom pra olhar Maria Bonita, Ui! (muitas risadas, de todos).

Beata Luisa e Dona Creusa, figuras ilustres de Juazeiro do Norte que jamais esqueceremos!

Os atores do Santa Víscera com Dona Luíza

À noite, fomos ao SESC Juazeiro onde estavam se apresentados os "talentos da terra" como foram chamados. E é verdade! Assistimos a apresentação de Seu João Bandeira, cordelista, poeta e repentista e do grupo Os Cabras de Lampião, que toca forró pé-de-serra.



Eita coisa boa!
Amanhã vamos visitar Nova Olinda e nos apresentar em Altaneira.
Até breve!!!


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