quarta-feira, 25 de março de 2009

Carta de Espetáculos - NPT Santa Víscera


O Urso
Baseado na obra de Anton Tchékhov
SOBRE O ESPETÁCULO:
O espetáculo “O Urso” é uma comédia que satiriza os costumes e a sociedade. O autor, Anton Tchékhov é um dos expoentes do teatro russo do século XIX, tendo ênfase em sua obra a melancolia de seus contos e peças. Porém, suas comédias também são de grande valor literário. Nelas, o autor satiriza a vida e os costumes aristocráticos da Rússia de seu tempo. Como exemplo, está: “O Urso”
Tchékhov é o autor que presta atenção nos detalhes, no mínimo, na concisão. Valoriza o simples, o direto, o objetivo, em histórias curtas e contundentes. Explora o cotidiano de pessoas comuns, de forma simples e direta. Este espetáculo é de fácil entendimento, abrangendo a diversidade de públicos, sem restrições de idade ou classe social.
A personagem Elena, é uma mulher que reafirma para si mesma, diariamente, que não terá mais nenhum relacionamento amoroso, porém é uma mulher ardente e cheia de desejos. Assim também se define Smirnov, um homem que se esconde atrás de uma aparência rude e que decide nunca mais se apaixonar, imaginando que pode controlar seus sentimentos, mas, na verdade é um romântico desiludido.
Elena e Luka, o criado, estão isolados em uma casa que constitui um universo aparentemente harmonioso, mas que Luka, de maneira sutil, tenta trazer à tona a vida que sua patroa está perdendo em ficar sofrendo por um homem que morreu. Este ambiente é quebrado pela chegada de Smirnov, que poderia ser identificado como “um corpo estranho” nesse universo. Os conflitos gerados pela situação, no decorrer da peça, obrigam os personagens a deixar cair suas máscaras.




Navalha na Carne
Baseado na obra Navalha na Carne de Plínio Marcos
SOBRE O ESPETÁCULO:
O texto Navalha na Carne traz à tona toda a idéia de repressão vivida pelo Brasil na década de 60. Só que diferente da maioria das manifestações típicas dessa época que se colocavam frente ao governo de forma direta, Navalha na Carne o faz nas entrelinhas. O universo do espetáculo versa sobre a relação de domínio e posse de três personagens fadados à miserabilidade: Vado o cafetão, a prostituta Neusa Sueli e o homossexual Veludo que é responsável pela limpeza do cortiço onde moram. Certo dia Vado sente falta de uma quantia em dinheiro que seria o que Neusa recebeu no trabalho, ele logo a acusa de não ter lhe pago. Depois de muitas reviravoltas a culpa acaba por cair sobre Veludo. A partir deste ponto inicia-se um jogo de acusações que faz verter toda a humanidade e também a natureza cruel e parasita presente em cada um deles.



Macabéa
Baseado no romance “A Hora da Estrela” de Clarice Lispector
SOBRE O ESPETÁCULO:
Neste monólogo embarcamos nas peripécias de Macabéa, uma moça interiorana que veio para grande metrópole. A personagem se comporta de maneira ingênua, às vezes patética, sendo passada para trás por quase todos que entrelaçam a história. A personagem que dispõe de uma pureza quase infantil representa o desamparo frente à crueza das relações humanas.
Há uma Macabéa dentro de cada um de nós. Nós, seres humanos, muitas vezes desprovidos dos cuidados dos nossos “semelhantes”, que só se assemelham nos momentos de fragilidade. Macabéa é apenas fina matéria orgânica, sub-existe. Quase sem perceber ela passa pelo mundo, sem que o “mundo” a perceba e receba. Assim, o público, aqueles que de alguma maneira são excluídos pela sociedade, podem se identificar com esta personagem. Que pela sua ingenuidade e pureza de alma não revida os duros golpes sociais e morais.





“Sempre aquela velha história...”
Baseado na obra de Dario Fo e Franca Rame.
SOBRE O ESPETÁCULO:
Sempre aquela velha história... A mesma história que se repete. Somos todas iguais, mesmo sendo tão diferentes, algo nos unifica, nos torna semelhantes. Mulheres de todas as idades, raças, cores, condições sociais, credos... Todas, em algum momento, já passaram por alguma situação que vive esta mulher sem nome, sem identidade, que representa a todas nós.
Neste espetáculo solo, a protagonista conta e vive suas experiências com a comicidade crítica que marca o trabalho dramatúrgico dos italianos Dario Fo e Franca Rame, mestres no riso que traz reflexão.
Utilizando-se do cômico para propor reflexão crítica, esta montagem enfatiza a figura da “mulher objeto”, submissa e dependente das imposições sociais. Na peça, a personagem descobre no decorrer dos acontecimentos sua condição de submissão e sua atitude infantilizada e inconseqüente frente às situações. Assim, sua trajetória vai se modificando, com a possibilidade de uma tomada de consciência e aprendizado a partir destas experiências.

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